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Quero dizer, não literalmente, e não foi algo que aconteceu de uma hora para outra ,mas, me dei conta de muitas coisas que não havia notado antes, e confirmei outras que tinha há muito em minha mente.
Descobri o tanto que eu sinto a falta de algumas coisas e algumas pessoas que fizeram parte dos meus dias a não tanto tempo atrás. O melhor amigo que morava tão longe e que me ensinou como era se apaixonar, o irmão de alma que confidenciava e era meu confidente e que tanto eu amei como parte de mim mesma, as tardes olhando o pôr do sol com uma câmera na mão e muitos pensamentos na minha mente... As horas perdidas apenas na companhia da musica e da minha imaginação, me levando para todos os lugares e situações que um dia eu sonhei viver. Sinto falta da inocência de criança e da pureza dos sentimentos que um dia tive dentro de mim sem o toque gélido da decepção e da desconfiança. Sinto falta da pessoa que eu era, apesar de não me arrepender da pessoa que eu me tornei, eu apenas gostaria de resgatar tanto do que eu perdi nessa transição.
É engraçado como percebemos em nós mesmos o que mudou, e o quão diferente estamos. Como ficamos frios com o passar das dores e do sofrimento, e como deixamos de nos apegar as coisas, as pessoas e deixamos de apreciar pequenas coisas que tanto nos faziam bem a tempos atrás. Não quero ir mais longe nesse íngreme abismo de escuridão que me encontro descendo passo a passo em cada dia que passa dessa minha nova existência. Quero apenas voltar um pouco e me segurar em alguma rocha, em alguma memória, em algum momento, me segurar em alguém que eu possa confiar que não soltará minha mão não importa o que aconteça, quero apenas uma âncora para me segurar no lugar pelo tempo de uma respiração para que eu recupere as forças e escale de volta à superficie, de volta a alegria e o prazer das pequenas coisas que tanto estimava e que hoje não fazem parte de mim.
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