Eu estava caminhando pela rua hoje enquanto ia ao dentista quando um homem me abordou e, me olhando com curiosidade perguntou " Qual é seu estilo?" . Eu parei e fiquei alguns segundos confusa, primeiro pelo fato de um estranho estar me abordando absolutamente do nada na rua, e segundo, pela estranheza da pergunta em si.
"Como assim?" perguntei finalmente" seu estilo..qual é? que musica você gosta?" perguntou ele parecendo tentar explicar. " Eu gosto de rock, de quase todos os tipos" respondi por fim, recuperada do susto inicial mas ainda confusa " acho então que meu estilo seria "roqueira", como dizem" falei sorrindo. Ele sorriu pra mim, como se satisfeito pela resposta e disse " É que você é diferente" . Encarei ele sem entender e ele me olhou de cima abaixo e parou nos meus olhos " Eu vejo todo dia essas garotas por ai, da sua idade, até mais novas com aqueles micro-shorts, decotes gigantes e ouvindo funk enquanto rebolam por ai e eu vejo você assim, tão diferente,tão melhor, eu só queria entender" Eu sorri meio sem graça, afinal, eu estava apenas vestindo jeans, tenis e uma regata simples por causa do calor, não havia absolutamente nada diferente em mim. Ele balançou a cabeça, ainda sorrindo e disse" continue assim, são garotas como você que salvam essa nova geração" antes de sair andando, me deixando atônita parada na rua.
Agora eu me pergunto: Quão degradada está nossa sociedade, o quanto da infância e do senso comum esta sendo distorcido para que cheguemos ao ponto que vestir-se simplesmente como qualquer pessoa normal se torne algo " diferente", especial?
Todos os dias vemos com nossos próprios olhos cada vez mais crianças de 12, 11 anos, até menos, que não mais são crianças de verdade, que saem com roupas curtas, que tem mais experiência sexuais do que muitos adultos e não carregam mais no rosto aquela alegria e energia que se via alguns anos atrás. Nos dias de hoje não se vêem campinhos de futebol na areia, garotinhos vibrando com jogos de bolas de gude, ou menininhas rindo ao trocar vestidos de boneca, ao invés disso vemos sons no ultimo volume tocando musicas de tão baixo nível nas letras que deixam até os minimamente inteligentes com uma careta de repulsa, vocabulários cheios de palavrões e obscenidades e uma personalidade que tenta, em vão imitar aos adultos. Até quando vamos ter de encarar essas cenas? Será que é possível recuperar a inocência que esta perdida nesses "mini adultos" de hoje? E se agora esta assim, como será no futuro?
Essas perguntas simplesmente não tem resposta, porque não é porque eu, ou você não gosta que eles vão deixar de fazer. A mídia, a sociedade em geral em sua grande maioria não condena, e sim incentiva esse tipo de comportamento que já é praticamente normal, e seriam precisas muitas medidas até drásticas e uma boa dose de
Bom Senso para que isso se resolva. Do fundo do meu coração eu espero um dia andar pelas ruas e ver crianças
brincando de verdade, ver sorrisos sinceros, ver a inocência nos olhos dos pequenos, eu espero que as crianças tenham uma infância e não uma prévia do pior lado da vida adulta, e tenho fé de que ainda viverei para ver esse dia, pois sei que há muitos como eu por ai que podem até ser "diferentes", mas tem a certeza de que não perderam seus valores que trazem desde sua própria infância, por mais difícil que tenha sido e desejam algo melhor do que essa triste realidade de hoje para seus filhos e netos.
Bem, se isso é a "nova geração", tenho apenas uma certeza: Fico mais do que feliz por não fazer parte dela.
Tragam nossas crianças de volta!
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Eu sinto de forma mais intensa que vejo, que falo, que ouço, pois o sentimento está além daquilo que pode ser identificado. E mesmo que enquanto minha mente esta alerta eu mascare aquilo que há em meu coração, quanto mais distante estou da realidade, mais sou capaz de transformar o que sinto em palavras, para assim, aqueles que ainda estão presos aos grilhões da realidade possam ver, sorrir, ouvir, e quem sabe me acompanhem em meu mundo de sentimentos nem que seja por um dia, porque a solidão da realidade é triste demais para se seguir por livre vontade.
